+
(M
ais) PAI pretende ser um espaço de reflexão, de partilha de experiências, de esclarecimento de dúvidas mas,
acima de tudo, um incentivo para que nós, PAIS, de todas as idades, raças e credos, sejamos cada vez
mais (+) Presentes, mais (+) Activos, mais (+) Informados, na educação dos nossos filhos.
Acompanhar de perto e intervir da melhor forma no desenvolvimento saudável dos nossos descendentes.
Protege-los quando necessário mas dar-lhes tempo e espaço para brincar e
sonhar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Triângulo Parental

O texto que se segue foi retirado de um trabalho da Psicóloga Filipa Dinis que, gentilmente, mo cedeu para enriquecer o blogue do maispai.

É um pouco extenso mas igualmente rico e motivador. Salientei a negrito algumas palavras chave e espero que seja para os restantes pais, tal como foi para mim, um incentivo extra para serem +PAI, na medida em que reconhece a importância e a influência do pai no desenvolvimento e educação do(s) filho(s). Sempre em complementaridade com a mãe, claro está.


"A relação mãe-bebé desenvolve-se a partir de várias reacções inatas do bebé à mãe e da mãe ao bebé. Este começa a vida com alguns padrões reflexos importantes. E este corpo a corpo, as estimulações vindas do corpo da mãe, constitui um meio ambiente suficiente para se desenvolverem, igualmente, as aprendizagens (Gleitman, 1986). Porém, a partir do segundo-terceiro mês, o bebé deixa de viver num mundo de corpo a corpo. Olha mais além e habita já um triângulo sensorial em que o que descobre é sentido sob o olhar de um outro, o pai. E, mesmo quando mama na mãe em frente-a-frente, a simples presença do pai modifica as suas emoções (Cyrulnik, 2001).

Os estilos de interacção da mãe e do pai com os filhos são distintos. No geral, o pai mostra comportamentos e atitudes diferentes dos da mãe, promovendo certo tipo de áreas de desenvolvimento em detrimento de outras e evidenciando formas de comunicação com os filhos que parecem essenciais, ou pelo menos relevantes ao desenvolvimento das crianças, e são diferentes, também, das da mãe (Balancho, 2003).

De alguma forma, a natureza terá previsto que a mãe e o pai, juntos ou separados, se complementariam nas suas funções e papéis e se apoiariam na tarefa fascinante, mas exigente, de educar.

«Podemos falar de três tipos de presença dos pais na vida diária dos filhos: a interacção/envolvimento, que é o contacto directo nos cuidados e actividades partilhadas (seja dar de comer, ler uma historia, ajudar nos trabalhos da escola, conversar sobre drogas ou praticar desporto, etc.); a acessibilidade, que se pode definir como a disponibilidade potencial do pai, ao estar por perto, física e emocionalmente do/a filho/a, mas sem haver, no entanto, interacção directa com ele/a (como seja estar numa das divisões da casa a ler ou a trabalhar, enquanto a criança brinca ou vê televisão, ou o adolescente toca viola, noutra divisão); e a responsabilidade, que corresponde à iniciativa e tomada de decisões práticas (como o saber que é preciso ir comprar roupa para a criança, levá-la às consultas médicas, seleccionar a escola, etc.). Independentemente de muitas destas acções serem partilhadas com as mães, o que aqui está em causa é aquilo que o pai realmente faz.» (Balancho, 2003, p. 37)

Falando globalmente, sabe-se que o pai se envolve mais em actividades de brincadeira, físicas e estimulantes, e que a mãe desempenha mais acções para acalmar os filhos, nos cuidados diários, tais como alimentá-los, dar-lhes banho, tratar das rotinas e dos cuidados corporais. Ao observar os pais em interacção com bebés, descobriu-se que tocavam mais mas falavam menos, fazendo ruídos ritmados para atrair a atenção dos filhos. Pela qualidade das brincadeiras, levavam os bebés por uma constante montanha russa emocional, saltando de actividades que exigiam imenso da criança e a excitavam, para actividades que tinham para a criança um nível de interesse mínimo. Ao longo do crescimento e desenvolvimento, muitas destas especificidades continuam a sentir-se. O pai continua a envolver-se com os filhos em actividades mais físicas que incluem levá-lo às cavalitas, atirá-los ao ar, fazer cócegas, a inventar jogos invulgares e com fantasia à mistura, enquanto a mãe tem o papel de os fazer “descer à terra”. Estas brincadeiras educativas, quando feitas com cuidado, são uma interacção calorosa e lúdica, que ajuda as crianças a regularem e controlarem os seus comportamentos e emoções, a lidarem com um leque grande de sentimentos e adaptarem-se a uma grande variedade de situações. Levam os filhos a observar atentamente as expressões faciais e linguagem corporal do pai e, enquanto lhes testam os limites, conduzem-nos a desenvolver a confiança e a aprender como lidar com situações deste tipo, no futuro, na vida. É a primeira grande aprendizagem sobre disciplinar com amor: mostra aos filhos que o pai os ama, que é forte e tem controlo sobre eles e que não os controlará, a não ser que seja necessário. Aprendem que o pai é poderoso e forte e ao mesmo tempo cuidadoso e brincalhão (Balancho, 2003).

A competência intelectual, o chamado QI, já surgiu associada ao envolvimento do pai nas brincadeiras, tempo de interacção e aspirações sobre a independência das suas crianças, mais uma vez fazendo sobressair o seu papel, diferente e presumivelmente complementar do da mãe".

Sem comentários:

Enviar um comentário