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ais) PAI pretende ser um espaço de reflexão, de partilha de experiências, de esclarecimento de dúvidas mas,
acima de tudo, um incentivo para que nós, PAIS, de todas as idades, raças e credos, sejamos cada vez
mais (+) Presentes, mais (+) Activos, mais (+) Informados, na educação dos nossos filhos.
Acompanhar de perto e intervir da melhor forma no desenvolvimento saudável dos nossos descendentes.
Protege-los quando necessário mas dar-lhes tempo e espaço para brincar e
sonhar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O 1º Trimestre foi assim...

Fez hoje e 3 meses que o nosso filho nasceu. Já cresceu bastante, já aprendeu umas quantas coisas e também já passou uns "dissabores".

O primeiro mês ficou "marcado" pelas cólicas! Foram momentos desesperantes, não só para nós pais, mas principalmente para o pequeno. Ele é que as sofreu e a nós restou tentar ajudá-lo a passar por elas da melhor maneira.

Apesar de existirem inúmeras "dicas" e técnicas para prevenir as cólicas, o que é certo é que as mesmas, se tiverem de aparecer, aparecem mesmo. São em muito causadas pela imaturidade da flora intestinal do recém-nascido. Porém, e felizmente, nem todos os bebés sofrem com as cólicas.

Muito importante para a sua prevenção são a alimentação da mãe e a forma como o bebé pega na mama da mesma. Aconselha-se à mãe que amamenta, evitar alimentos de difícil digestão (como leguminosas: feijão, grão, favas, ervilhas, ...), alimentos ácidos (citrinos, tomate, ...) e alimentos amargos (como o alho e a cebola), bem como os legumes de cor verde mais escura (mais ricos em fibra, podem estimular em demasia o peristaltismo intestinal do bebé) - as propriedades destes alimentos passa através do leite, afectando directamente o lactente.

Uma boa pega na mama é importantíssima pois, desta forma, não engole tanto ar enquanto mama. Quando o bebé pega mal (só no mamilo), se estiver desconfortável ou agitado, vai acabar por engolir muito ar durante a mamada, agravando as cólicas.

As massagens abdominais e a "ginástica" das pernas conseguem, por vezes, aliviar parcial ou totalmente as cólicas. Também a posição de barriga para baixo, sobre o braço de quem o segura, é geralmente melhor tolerada.

Recentemente temos também à disposição produtos mais naturais, à base de chá de funcho e outras ervas, que podem contribuir para o alívio destes fenómenos deveras desesperantes para pais e filhos. No entanto, devem sempre aconselhar-se junto do médico de família, ou pediatra, se o vosso filho pode tomar esses produtos ou não (bebés são todos diferentes, tal como os pais).

No segundo mês, mais calmo após resolução das cólicas, chegaram os sorrisos lindos, que valem ouro e fazem esquecer todas as noites mal dormidas. Se sorrimos para eles, retribuem-nos o sorriso, e "derretem-nos" com o olhar. São tão lindos e sinceros aqueles sorrisos.

Menos vontade de rir deram as vacinas dos 2 meses, segundo o Programa Nacional de Vacinação (PNV), que o "digam" os pequenos que as sentem (mas também muitos pais e mães, que sofrem tanto ou mais do que eles).

Agora que completou os 3 meses, além dos sorrisos, o rapaz anda muito palrador. De há uns dias a esta parte que ele quer "conversar" com quem estiver perto dele e lhe der tempo para responder. É que por vezes, quando falamos com os bebés, esquecemo-nos que eles demoram um pouco mais a "responder" e podem sentir-se frustrados se não os deixamos responder. Claro que não percebemos a resposta (para já) e podemos duvidar se ele nos percebe mas, os estudos demonstram que os bebés gostam de nos ouvir falar e, se os formos estimulando, sem ser em demasia, eles desenvolvem-se melhor.

Bem, os primeiros 3 meses chegaram ao fim e os próximos 3 vão trazer-me maior responsabilidade, na medida em que vou iniciar a minha parte da licença parental partilhada. A mãe vai iniciar o seu trabalho dentro de 1 semana, e fico eu em casa para cuidar dele e levá-lo à mãe na hora das mamadas... Depois conto-vos como vai correndo...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Primeiras dificuldades

As primeiras dificuldades costumam surgir em casa, após a alta hospitalar, quando os pais ficam sozinhos com o bebé. Ainda que tenham recebido os devidos ensinos, por parte dos profissionais, ou mesmo que já não seja o primeiro filho, existem sempre dúvidas, inseguranças, receios com os quais vão ter de lidar, mas que muitas vezes não se sentem preparados para o fazer.

Começa com a "subida (ou descida) do leite" que ocorre, geralmente, entre o 3º e o 5º dia após o parto, mas que varia de mulher para mulher e de parto para parto.
As mamas aumentam notoriamente de volume, ficam mais pesadas e tensas. É importante que a mãe saiba que tal é normal. Contudo, deve ficar atenta a determinados sinais para prevenir complicações como: o ingurgitamento, os mamilos gretados, as mastites.

O Ingurgitamento mamário, vulgarmente designado por "caroços", ocorre durante a "subida do leite" e caracteriza-se por mamas tensas, quentes e dolorosas. A temperatura da mulher pode subir até aos 38º C durante 24h. A melhor forma de prevenir é amamentando logo a seguir ao parto, assegurar que o bebé pega bem na mama e amamentar em regime livre (sempre que o bebé queira).
Caso não se consiga prevenir, o ingurgitamento pode ser tratado da seguinte forma:
  1. Antes da mamada, aplicar compressas húmidas quentes ou chuveiro com água morna e massajar mama com movimentos circulares, na direcção do mamilo mas sem o pressionar;
  2. Oferecer primeiro a mama mais cheia ao bebé;
  3. Se no final da mamada a mama continuar congestionada, retirar o leite excedente com a ajuda de uma bomba ou manualmente, massajando a mama, até que se sinta confortável;
  4. No final aplicar compressas frias ou gelo (protegido) durante 5 minutos, descansar 2 minutos e voltar a aplicar 5 minutos.
Os mamilos gretados também são frequentes durante a primeira semana. Geralmente provocados por uma má pega na mama, os mamilos podem ficar doridos e apresentar fissuras, tornando dolorosa a amamentação.
Para prevenir que tal aconteça é necessário:
  • Assegurar que o bebé pega bem na mama, não apenas no mamilo, mas em boa parte da aréola também;
  • Proteger o mamilo e aréola com algumas gotas do próprio leite, ou com pomada cicatrizante, no final de cada mamada;
  • Não interromper a mamada, deixar que seja o bebé a fazê-lo. Se tiver mesmo que interromper, coloque o seu dedo no canto da boca e só depois retire a mama;
  • Não usar discos protectores impermeáveis.
Se mesmo assim os mamilos ficarem doridos ou gretados, deve começar a amamentar pela mama que cujo mamilo não se encontre gretado ou (tão) dorido. Pode também experimentar aplicar "mamilos de silicone" durante as mamadas. Nem todas as mulheres se adaptam aos mesmos mas, aliviam a sensação de dor, uma vez que o boca do bebé não agarra directamente no mamilo, evitando a contínua maceração do mesmo. Se continuar a cuidar dos mamilos no fim de cada mamada, poderão bastar alguns dias com os "mamilos de silicone", para que possa voltar a amamentar sem eles.

Menos frequente, felizmente, a mastite caracteriza-se pela inflamação da mama. Esta pode ser de origem infecciosa (entrada de microorganismos pelas gretas) ou não infecciosa (obstrução dos canais de passagem do leite).
A mesma surge após as duas anteriores, pelo que, a sua prevenção depende de um tratamento atempado e eficaz do ingurgitamento e dos mamilos gretados. Também devem evitar a pressão excessiva sobre a mama, seja por roupas apertadas, seja pelos dedos durante a amamentação.

Nestes casos procure sempre aconselhar-se junto do seu médico e/ou enfermeiro quanto ao tratamento a seguir. Se a origem for infecciosa vai necessitar ser medicada. Em qualquer das circunstâncias vai necessitar repousar bastante.

Para mais informações consulte o Manual do Aleitamento Materno.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O (novo) Filho a (nova) casa chega...

Já tinha ouvido diversas "teorias" sobre a chegada do bebé, pela primeira vez, à sua nova casa. No primeiro dia pode estranhar os cheiros, o espaço, os animais domésticos (caso os hajam, como foi no nosso caso), os barulhos, as pessoas que lá estiverem à espera.

Contudo, o nosso filho parece não ter estranhado nada. Bem, ele também chegou a dormir... e isso é capaz de ter facilitado a "chegada".

Também estávamos algo receosos quanto à reacção da "inquilina" anterior, a nossa gata Luna. Assim que entrámos em casa e pousámos a cadeira-auto (vulgo "ovo") no chão, ela começou logo a cheirá-lo, foi vê-lo e portou-se muito bem. Não se mostrou nem muito curiosa, nem assustada (ao contrário do que é habitual quando entram pessoas novas em casa).
Como "manda o protocolo" e, tal como havíamos feito com a Luna, fomos apresentar ao Rafael todas as divisões da casa, que era para ele não "estranhar".
Deve ter gostado especialmente do seu novo quarto (ex-escritório, ex-quarto de hóspedes), principalmente pela pintura personalizada que os seus pais fizeram na parede do quarto.

Segundo os especialistas, o bebé necessita de estímulo visual, pelo que o seu quarto deverá ter figuras pintadas, paredes de uma cor só mas com figuras diferentes, ou um papel de parede de cores vivas. Um móbil sobre o berço, perto do rosto do bebé, também é requisito obrigatório, uma vez que estimula as capacidades visuais de procura.
Contrariamente ao que se pensava há alguns anos atrás, os bebés não vêem apenas imagens desfocadas e nebulosas; estudos recentes demonstram que o bebé não só consegue focar uma imagem a 20-30cm (p.e., o rosto da mãe enquanto o amamenta), como consegue ver à distância (cerca de 6 metros). Os objectos de cores primárias (vermelho, azul e amarelo), ou com maior contraste (preto sobre branco), serão vistos mais facilmente.

Ao contrário do que é habitual (?), e dadas as características da nossa casa, o nosso filho dormiu desde logo no seu quarto, e fomos nós, pais, que nos mudámos para lá. Aproveitámos o facto de já termos um sofá-cama nesse quarto e assim facilita-nos a vida no processo de "passar a dormir sózinho" no seu quarto. Para ele não há mudanças. E até agora parece ter resultado.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Lei da Parentalidade "trocada por miúdos"

No dia 9 de Abril de 2009, foi publicado no Diário da República o Decreto-Lei nº 89/2009 que "(...) regulamenta a protecção da parentalidade, no âmbito da eventualidade maternidade, paternidade e adopção, no regime de protecção social convergente (Artigo 1º)."
Este novo Decreto, que entrou em vigor a 1 de Maio (1º dia do mês seguinte ao da sua publicação), introduziu uma grande alteração no que respeita à igualdade de direitos entre homens e mulheres, neste caso particular, entre mães e pais, sendo dada a possibilidade de ambos partilharem a licença da forma que desejarem.

Deixou de existir Licença de Maternidade e Licença de Paternidade, passando apenas a Licença de Parentalidade.
As principais mudanças efectuadas, relativamente aos anteriores decretos, dizem respeito aos prazos e formas de calcular os subsídios a atribuir.
Segundo o nº2 do Artigo 11º "aos períodos de 120 e 150 dias" (como eram atribuídos anteriormente, mas somente a um dos progenitores) " podem acrescer 30 dias consecutivos de atribuição de subsídio, no caso de partilha da licença em que cada um dos progenitores goze, em exclusivo, um período de 30 dias consecutivos ou dois períodos de 15 dias consecutivos, após o período obrigatório de licença parental inicial exclusiva da mãe".

Simplificando, em vez dos habituais 4 meses (120 dias) com 100% da remuneração base ou 150 dias a 80%, se a licença de parentalidade for partilhada por ambos os progenitores, poderão gozar 150 dias a 100% ou 180 dias a 83% (Artigo 23º).
Em qualquer dos casos, quer se opte pela licença parental inicial partilhada ou para um só progenitor, a mãe terá sempre direito a gozar (tal como anteriormente) até 30 dias antes do parto e 6 semanas após o mesmo - Artigo 12º, Subsídio parental inicial exclusivo da mãe.

Mas o pai já gozava também de um periodo exclusivo de 5 dias obrigatórios, seguidos ou interpolados durante o primeiro mês de vida do filho, acrescido de mais 5 dias que podiam ser gozados logo a seguir aos primeiros, ou no final da licença de maternidade. Uma "farturinha" para "acompanhar e apoiar" mãe e filho na fase mais importante do desenvolvimento da família.
Pois bem, isso também mudou com este decreto, no Artigo 14º, que diz "o subsídio parental inicial exclusivo do pai" passa a ser de 10 dias úteis obrigatórios, seguidos ou interpolados, nos 30 dias após nascimento do filho, 5 dos quais consecutivos imediatamente à data do parto; mais 10 dias úteis facultativos, seguidos ou não, desde que coincidam com a licença parental inicial da mãe.

Eu, pessoalmente, fiquei muito satisfeito com estas alterações, pois finalmente vamos no rumo certo. Não obstante as melhorias, o "apoio" (25% do rendimento) que é dado aos pais que pretenderem alargar o período de licença até 1 ano - como acontece em diversos países da Europa, parece-me no mínimo irrealista.

Vamos aguardar e esperar que esse aspecto seja revisto, mas até lá, gozemos de pleno direito, esta partilha de licença, junto com a mãe e respectivo(s) filho(s), pois estes são "os melhores momentos da nossa vida" (pelo menos, foi o que me disseram).

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ser Pai: O(s) primeiro(s) dia(s)

Logo na primeira hora como pai, deparei-me com o primeiro 'dilema': "Acompanho o meu filho para o serviço de obstetrícia ou fico aqui junto da mãe?". Senti-me mesmo dividido pois, prometi-lhe que nunca a deixaria só mas, também não me queria afastar 1 segundo que fosse do meu maior tesouro.
A mãe pediu-me que fosse com ele, que ele precisava mais de mim do que ela e assim o fiz. Contudo e, apesar de eu não conseguir parar de pensar se a mãe estaria a recuperar bem (no recobro), o Rafael manteve-se calmo o tempo todo. Eu acabei por me acalmar também, estarrecido que estava, a admirar a sua paz, o seu olhar sereno.

Durante as primeiras horas, teve de beber leite de fórmula/artificial, através de um copo. Este é o procedimento mais correcto, não oferecer logo o biberão ou chupetas antes de o bebé pegar bem na mama da mãe, e prática corrente nos Hospitais Amigos dos Bebés.

A mãe acabou por subir do recobro e pode, finalmente, segurar o nosso filho nos seus braços. Logo logo já lhe estava a dar mama e ele tinha bons reflexos de sucção, o leite é que ainda era pouco nutritivo, mais "aguado", denominado por colostro. Este, apesar de ser menos saciante, é extremamente rico em anticorpos, protegendo o bebé enquanto o seu sistema imunitário não se desenvolve.
Como a mãe fez epidural, não se podia levantar, só podendo amamentar deitada de lado na cama, o que dificultava o processo. O facto de ainda estar com o soro também não ajudava.
Como sempre, estive a seu lado, tentando ajudar, como enfermeiro que já ajudou outras mães a começar a amamentar mas, como já diz o ditado "em casa de ferreiro, espeto de pau", e às vezes era mais fácil escutar as enfermeiras do que a mim.

Pelas 20h todas as visitas foram avisadas que deveriam ir embora... os pais também (eram visitas)! Custou-me deixá-los lá, os meus 2 amores, mas tive de me fazer forte, já que à mãe ainda foi mais penoso.
Na primeira noite não conseguia adormecer. Ficava a pensar se eles estariam bem. Se ele deixaria a mãe descansar, se ia continuar a mamar bem.
Por vezes ela ligava após a meia-noite, desesperada por que o nosso filho não se calava, sentia-se só e repetia vezes sem conta que "gostava que lá estivesse". Nesses momentos sentia-me impotente, a minha família precisava de mim e eu nada podia fazer, a não ser acalma-los pelo telemóvel e esperar pela manhã seguinte.

Nos dias que se seguiram, quando queria ir para junto da minha família, sentia-me "descriminado" e desvalorizado, uma vez que só o podia fazer entre as 12h e as 20h, no horário das visitas.
"Mas eu não sou uma visita. Sou o PAI do Rafael!" pensava e, muitas vezes, respondia pelo intercomunicador na entrada do serviço.
Não achei nada justo que, sendo eu PAI e, estando a gozar de uma licença parental inicial de 10 dias úteis, 5 dos quais a serem gozados após o parto, com carácter obrigatório, fosse depois impedido de estar com a minha família, não mais que 8 horas diárias.

Resumindo, a Lei obriga-me a "ficar em casa" 5 dias (120h) após o parto, supostamente para apoiar a mãe e filho, mas no hospital só me permitiram ficar 40h junto dos mesmos (1/3 do tempo da licença inicial).
Eu sei que a Lei de Protecção à Parentalidade só vigorava há 3 semanas (actualmente há 3 meses), desde 1 de Maio de 2009, mas isso não justifica que o PAI seja tratado como uma mera visita. Para mais, dentro em breve, os hospitais terão de providenciar condições para a pernoita dos acompanhantes, com direito a pequeno-almoço.

Talvez seja altura dos senhores Directores dos Hospitais/ Maternidades começarem a pensar nisto, encarando o PAI como parte integrante da nova família e, nesta fase de transição, permitirem alguma flexibilidade nos serviços de obstetrícia.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Génese

Tudo começou a 24 de Maio de 2009 (ou 38 semanas e 4 dias antes), quando fui pai pela primeira vez.

Há muito que sonhava com esse momento, que finalmente se concretizou, e sempre desejei ser o "Melhor Pai do Mundo". Não o melhor de todos (os pais), mas o melhor pai para o meu filho.
Decidi acompanhar o meu filho, e respectiva mãe, a todas as consultas e exames, desde a concepção até ao nascimento. E assim o fiz, apesar de por vezes ter de passar por alguns dissabores no local de trabalho, e ouvir comentários do tipo "Parece que estás mais grávido do que ela!", apenas por desejar estar presente em todo o processo de gestação do meu primeiro filho.

Frequentámos também juntos, as aulas de Preparação Para o Parto, onde a Enfermeira Parteira, especialista em Saúde Materna e Obstétrica, nos falou da sua experiência pessoal e profissional, ensinou às mães a importância da respiração no momento do trabalho de parto, o que fazer e o que não fazer perante diversas situações, o papel do pai em todas as fases da gravidez, no parto e pós-parto. Foi realmente enriquecedor, conversar com outros jovens casais, colocar questões, esclarecer dúvidas.

A gravidez decorreu sem problemas de maior, apesar de alguns "alarmismos" no último trimestre, devido ao crescimento "abaixo da média" do nosso filhote. Nunca me preocupei demasiado com isso pois, como enfermeiro, observava que a mãe alimentava-se bem, ele mexia-se bastante e, acima de tudo, por que sempre questionei as médicas, no momento das ecografias, se ele estava bem formado e "perfeitinho" ou se haveria algum problema. Felizmente não havia nada a registar, a não ser a Redução do Crescimento Intra-Uterino (RCIU - termo técnico) que obrigou a mãe a ficar em casa, de baixa por Gravidez de Risco, cerca de 2 meses antes da Data Provável de Parto (DPP), com indicação médica para repousar e não fazer esforços.

Foram momentos difíceis, principalmente para a mãe, educadora de infância, nada habituada a ficar parada no mesmo sítio. Apesar de compreender que era para o bem do nosso filho, esta situação veio acrescentar ansiedade e tensão ao seu estado de espírito, levando-a a culpabilizar-se pelo crescimento mais lento do nosso filho. Procurei sempre apoiá-la da melhor forma possível, lembrando-lhe que ele se estava bem formado e que ele tinha tempo de crescer cá fora, pois as médias, e os percentis, são apenas números, obtidos a partir de valores mais elevados e valores bem mais baixos que o nosso.

Mas o momento alto deste turbilhão de sentimentos, o culminar de todo o esforço por parte da mãe para levar a "bom porto" esta gravidez, foi sem dúvida o momento do parto.
Não foi um parto normal, como desejávamos e para o qual nos preparámos, mas sim por cesariana. Em condições "normais", o pai não pode assitir a este tipo de parto, porém, como profissional de saúde, falei com os médicos e enfermeiros do Bloco Operatório e, felizmente, nenhum se opôs à minha presença. Pude assim cumprir a promessa, feita à mãe, de nunca a deixar só e, ao mesmo tempo, presenciar o momento mais emocionante da minha vida até então: O Milagre da Vida, o nascimento do nosso filho, descendente do nosso AMOR.

Foi tudo tão rápido! Assim que puxaram a sua cabeça para fora do útero materno, o restante corpo saiu num ápice, e logo ali, sem palmadas nem nada, começou a chorar! Nem conseguia acreditar: "Já sou Pai?!" - foi o primeiro pensamento que tive. Depois de me assegurar que a mãe estava bem, fui ao encontro do nosso filho e, apesar de já ter "gravado" todas as imagens no meu coração, captei a sua primeira imagem com o telemóvel (mais a pedido das enfermeiras, pois não era essa a minha prioridade). Assim que acabaram de o limpar e vestir, levei-o nos meus braços até à mãe, para que pudesse finalmente ver o filho que, durante 38 semanas e 4 dias, gerou, alimentou, protegeu e amou dentro do seu ventre.

Assim se iniciou um nova vida, uma vida a 3, uma vida de aprendizagem contínua, de altos e baixos, de choros e de risos, cheia de amor e dando graças a Deus por nos ter abençoado com o Rafael.