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ais) PAI pretende ser um espaço de reflexão, de partilha de experiências, de esclarecimento de dúvidas mas,
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ser Pai: O(s) primeiro(s) dia(s)

Logo na primeira hora como pai, deparei-me com o primeiro 'dilema': "Acompanho o meu filho para o serviço de obstetrícia ou fico aqui junto da mãe?". Senti-me mesmo dividido pois, prometi-lhe que nunca a deixaria só mas, também não me queria afastar 1 segundo que fosse do meu maior tesouro.
A mãe pediu-me que fosse com ele, que ele precisava mais de mim do que ela e assim o fiz. Contudo e, apesar de eu não conseguir parar de pensar se a mãe estaria a recuperar bem (no recobro), o Rafael manteve-se calmo o tempo todo. Eu acabei por me acalmar também, estarrecido que estava, a admirar a sua paz, o seu olhar sereno.

Durante as primeiras horas, teve de beber leite de fórmula/artificial, através de um copo. Este é o procedimento mais correcto, não oferecer logo o biberão ou chupetas antes de o bebé pegar bem na mama da mãe, e prática corrente nos Hospitais Amigos dos Bebés.

A mãe acabou por subir do recobro e pode, finalmente, segurar o nosso filho nos seus braços. Logo logo já lhe estava a dar mama e ele tinha bons reflexos de sucção, o leite é que ainda era pouco nutritivo, mais "aguado", denominado por colostro. Este, apesar de ser menos saciante, é extremamente rico em anticorpos, protegendo o bebé enquanto o seu sistema imunitário não se desenvolve.
Como a mãe fez epidural, não se podia levantar, só podendo amamentar deitada de lado na cama, o que dificultava o processo. O facto de ainda estar com o soro também não ajudava.
Como sempre, estive a seu lado, tentando ajudar, como enfermeiro que já ajudou outras mães a começar a amamentar mas, como já diz o ditado "em casa de ferreiro, espeto de pau", e às vezes era mais fácil escutar as enfermeiras do que a mim.

Pelas 20h todas as visitas foram avisadas que deveriam ir embora... os pais também (eram visitas)! Custou-me deixá-los lá, os meus 2 amores, mas tive de me fazer forte, já que à mãe ainda foi mais penoso.
Na primeira noite não conseguia adormecer. Ficava a pensar se eles estariam bem. Se ele deixaria a mãe descansar, se ia continuar a mamar bem.
Por vezes ela ligava após a meia-noite, desesperada por que o nosso filho não se calava, sentia-se só e repetia vezes sem conta que "gostava que lá estivesse". Nesses momentos sentia-me impotente, a minha família precisava de mim e eu nada podia fazer, a não ser acalma-los pelo telemóvel e esperar pela manhã seguinte.

Nos dias que se seguiram, quando queria ir para junto da minha família, sentia-me "descriminado" e desvalorizado, uma vez que só o podia fazer entre as 12h e as 20h, no horário das visitas.
"Mas eu não sou uma visita. Sou o PAI do Rafael!" pensava e, muitas vezes, respondia pelo intercomunicador na entrada do serviço.
Não achei nada justo que, sendo eu PAI e, estando a gozar de uma licença parental inicial de 10 dias úteis, 5 dos quais a serem gozados após o parto, com carácter obrigatório, fosse depois impedido de estar com a minha família, não mais que 8 horas diárias.

Resumindo, a Lei obriga-me a "ficar em casa" 5 dias (120h) após o parto, supostamente para apoiar a mãe e filho, mas no hospital só me permitiram ficar 40h junto dos mesmos (1/3 do tempo da licença inicial).
Eu sei que a Lei de Protecção à Parentalidade só vigorava há 3 semanas (actualmente há 3 meses), desde 1 de Maio de 2009, mas isso não justifica que o PAI seja tratado como uma mera visita. Para mais, dentro em breve, os hospitais terão de providenciar condições para a pernoita dos acompanhantes, com direito a pequeno-almoço.

Talvez seja altura dos senhores Directores dos Hospitais/ Maternidades começarem a pensar nisto, encarando o PAI como parte integrante da nova família e, nesta fase de transição, permitirem alguma flexibilidade nos serviços de obstetrícia.


2 comentários:

  1. essa coisa do pai não poder ficar é uma burrice !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (humm não sei como é que essa palavra se escreve por isso desculpem-me;)

    até parece que pai é visita! pai é pai!
    aqui pelo menos deixam o pai dormir no quarto. arranjam um colchão e um cobertores que são pousados no chão. o conforto não é grande mas não importa!

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  2. Exactamente o que eu defendo. Mas vamos aguardar, pois já está para sair uma legislação que permite essa permanência dos pais, e demais acompanhantes de doentes, durante a noite nos hospitais. Vai ser da responsabilidade dos hospitais garantir as condições para isso. Claro que serão precisas obras e equipamento extra e, no caso do Hospital de Aveiro, um novo hospital! Ao que parece, também este, será uma realidade. Para quando é que é mais difícil saber...

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